domingo, 24 de março de 2013


Nasceu lá
Cresceu lá
Estudou lá
Casou lá
Seus filhos nasceram lá
Mas um dia sentiu que lá
Já não era mais suficiente
E, então, decidiu sair de lá
Chamaram-no de louco
Internaram-no em um hospício
Sua esposa e filhos o abandonaram
Morreu tentando sair de lá
Séculos depois
Historiadores encontraram sua cela
As paredes estavam cobertas de pinturas
Que descreviam um lugar bem longe de lá
Mal sabiam eles
Que durante todo esse tempo
Somente seu corpo é que restava por lá...





quinta-feira, 14 de março de 2013

Tarde Ensolarada


Sentado embaixo de uma árvore frondosa
Observo o tempo passar
Pedestres com seus destinos traçados
Correm para cumprir suas metas sem hesitar
Motoristas estressados seguem em ritmo alucinado
Estranho, parecem todos tão vazios!
Os pássaros entoam seus cânticos
Cada qual seguindo um compasso
Um rapaz sentado ao lado fala alto ao celular
Outro se deita no banco da praça e se pega a sonhar
Tantos anseios, tantos planos
Será que um dia conseguirá realizar?
Um executivo passa ao lado guiando seu conversível apressado
Será que realizou todos os sonhos da infância?
Um pombo inflando seu peito dança para conquistar sua parceira
Possivelmente terão filhotes
Mas será que não gostaria de estar sobrevoando um outro lugar ao norte?
O sol se vai e com ele a correria de mais um dia
Mas amanhã será outro dia 
E torcerei para que o sol volte a brilhar.




terça-feira, 12 de março de 2013

MALDITOS


No anoitecer de um dia sangrento
Eles se aproximam como urubus farejando minha carne em putrefação
Querem sorver meu sangue, se alimentar de minha carne amaciada pelos açoites diários
Eu grito, malditos...

Munidos por sua sede de destruição
Providos de palavras infames e ódio no coração
Só causam medo, pavor e indignação
Eu grito, malditos...

Não importa o que façam com meu corpo
A dor física já não pode mais me atingir
Não importa o que digam
Meu espírito não será abatido por calúnias vis
Eu grito, malditos...




LEDO ENGANO


Como foi possível tamanho engano?
Eu me pergunto em meio ao intenso pranto
Não consegui perceber seu ardiloso plano

Como pôde ter sido tão maldoso comigo?
Logo eu que nos piores momentos estive contigo
Devo ser um ser totalmente desprezível
Ou é você quem não merece nem o perdão divino!

Desfiz-me em prantos
Mal tinha forças para segurar-me de pé
Não queria continuar, havia perdido a fé!

O que foi que eu lhe fiz
Para que você me fizesse tanto mal?
O meu erro foi acreditar que somente meu amor bastaria
Ledo engano, seu coração era só maldade e vilania.

Por Deus, eu lhe juro
Desse lamento me desfarei
Reunirei forças, de onde? Não sei!
Mas levantarei das cinzas e renascerei!